RESENHA: ANDRÉ GARDEL

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VERSOS DOS ANOS 90

 

(publicado no Caderno Idéias , do Jornal do Brasil, em 15 de setembro de 2001)

 

É de se louvar quando uma nova editora lança , de chofre , numa só tacada , quatro bons livros de poesia neste país . A Azougue Editorial , pertencente ao mesmo editor da Revista Azougue , Sergio Cohn, sediada durante os anos noventa em São Paulo, agora no Rio , nos brinda com um grupo de poetas da melhor estirpe , selecionados inteligentemente do panorama poético brasileiro contemporâneo , para inaugurar sua coleção de poesias , de título pinçado da obra Heinrich von Ofterdingen de Novalis, Flor Azul .

O Gerifalto, de Celso Luiz Paulini; A vida é assim , de Alberto Pucheu; Ser infinitas palavras , de Afonso Henriques Neto e A sombra do Leopardo , de Cláudio Daniel, são flores de matizes variados, dicções específicas e universos criativos particularíssimos. Contudo , o aparecimento simultâneo dessas obras nos remete, inevitavelmente, a uma visão de conjunto , menos para buscar unidades e contrastes entre elas , mas sim para localizarmos os graus de contatos que estabelecem com algumas linhas de força que fundamentam a poesia brasileira dos últimos anos .

Inicialmente, estabelecendo relações e ao mesmo tempo transcendendo as características da poesia que surgiu nos anos 90 no Brasil, heterogênea e múltipla mas no geral buscando ser séria ( nada de poema-piada), clean ( nada de marginalismos) e afeita a revisões e recriações da bagagem cultural do Ocidente ( nada de rupturas e manifestos ), temos o quinto livro de Alberto Pucheu, A vida é assim , o melhor poeta , sem dúvida , dessa geração ( que nunca quis se organizar como tal ).

A poesia de Alberto apresenta um corpus de idéias e formas que se estruturam como projeto desde seu primeiro livro Na Cidade Aberta (1993) e se desdobram, em constante reavaliação crítica , mutabilidade formal , ventilações temáticas , por toda sua obra posterior , e que A vida é assim só vem a confirmar . A macrometáfora que a legitima é a imagem da cidade , " lugar em que os contrários cedem". E é a partir desse conceito que podemos apreender suas linhas de força , vielas , avenidas , monumentos , ruínas , esgotos , cachoeiras , montanhas , favelas , praias , "esbarros" que a " cidade " propicia: o jogo intertextual e o infratextual; o poeta filósofo e o filósofo poeta ; o eu mínimo estranho , espantado e o eu invadido de alteridades , entusiástico ; a tensão entre o verso e a prosa ; a fala das ruas , das mídias e a das línguas escritas ; essencialidades rotativas e falsificações ficcionais da verdade ; poemas como " arranjos ", poemas como enigmas ; a vida (e a poesia ) como movimento heraclitiano e a morte como silêncio obsedante ; o lugar de fala descentrado, transnacional e a voz regional , carioca . Todos tópicos que existem na poesia de Alberto se firmando e dando a vez a seus contrários , em dança rebelde , outras em livre negociação miscigenante, quase sempre em visita inesperada , sob o signo fantasmático do inapreensível .

A conformação intertextual da poesia de Alberto, aberta a visitações múltiplas, é criteriosa , dialogando com autores e obras que , em ritual palimpséstico, revalidam suas idéias . Tal interação surge, por exemplo , em epígrafes - Edmond Jabès no livro Escritos da Freqüentação (1995) ou Alberto Caeiro em Ecometria do Silêncio (1999) -, nos títulos – como as homenagens da secção Espólios do livro A fronteira Desguarnecida (1997) -, nas referências em versos – como as feitas a Cartola , Pixinguinha e João Gilberto no poema Tudo acontece agora pela primeira vez de A vida é assim (2001)-, ou , ainda , esta espécie de " versos a maneira de" que surge como apêndice em seu quinto livro : Tradução livre de um poema inexistente de Lyn Hejinian.

A contraface estruturante do jogo intertextual da poética de Alberto, de movimentação interna , ocorre na dinâmica intratextual que organiza sua obra como máquina lúdica , em que as peças são obsessivamente retomadas , recauchutadas, renovadas, vistas sob outro ângulo a cada nova aparição . São espécies de palavras-conceitos, expressões-deuses, que se reengendram incessantemente : a palavra-experimento " arranjo ", que ora aparece como um símile da imagem da cidade-livro: " massa pluriforme: elasticidades/ encolhimentos / seguindo arranjos ", ora como construção poemática: "a mesma frase acerta a presa mirada e outras/ trazidas pelo arranjo "; a palavra-mágica "esbarros", que é um tipo de entidade que permite o fenômeno inventivo , o contato de vocábulos díspares que cria o sentido ambivalente da metáfora , o insólito do discurso , o contato físico nas ruas que muda caminhos e destinos , em isomorfia no poema : "O convívio com esbarros provocando a cada instante adesões ", ou "As frases , como as pessoas na multidão , vão se esbarrando"; e a palavra-bicho " rinoceronte ", signo inicialmente da estranheza poética : "...fazei com que os rinocerontes vivam ( com sua maravilhosa estranheza ) ainda depois do mundo acabar .", do próprio poeta quando descobre sua arte : "...Aprendo a lição rinocerôntica:/ toda a máquina de carne acionada para a mesma direção " e da poesia da existência : " Vinha sem passado ou viagem , contrariando regras ,/ como a vida ...", presente no inconsciente : "...no fim das contas , além de ser ele , é sempre ,/ sem nenhuma exceção , nós mesmos ."

Dentre os experimentos (não há qualquer compromisso do autor com nossas tradições experimentais construtivistas, assépticas, a vida trespassa todas as unidades mínimas significativas, toda a sua linguagem, que é composta de células, pulsa) mais interessantes de Pucheu, estão o livre trânsito entre verso e prosa, a ponto de adensar esta última com imagens complexas e esgarçar o verso em fragmentos, e os arranjos para a língua falada em diferentes meios, fruto da busca de uma "tensão rítmica entre o andamento da linguagem falada, o do que ela poderia dizer, o do que ela jamais poderia dizer, e o da escrita". Em A Cidade Aberta número 3, de seu primeiro livro, o poeta constrói todo seu poema a partir de pregões emitidos por meninos vendedores de balas em trens do subúrbio; no Poema para a maior audiência do país, do livro Ecometria do Silêncio, o texto é uma colagem de falas retiradas do programa do Ratinho; e nos poemas Arranjo para mensagens eletrônicas e Arranjo para sala de conversas, de A Vida é Assim, o discurso hiper-realista se forma a partir de, respectivamente, e-mails recebidos e visitas voyeurísticas a chats da internet.

Podemos falar em morte do autor? As próprias palavras de Alberto sugeririam esta leitura: "não deixe que a cultura abafe a realidade", ou, então, "acabou-se o tempo das centralizações"; contudo, a questão do eu se apresenta de modo um pouco mais nuançado em sua poesia. É preciso ir, num primeiro momento, na filosofia de Heráclito e Crátilo, subterrânea aos versos de Tudo acontece agora pela primeira vez, para entender a relação poeta/mundo: "Escrevendo estas palavras, não tenho o nome que tenho,/ tenho o nome do tempo que passa...", impregnando-se de acontecimentos que "mesmo corriqueiros, me contaminam." Com isso, as palavras "seguindo o fluxo dos acontecimentos,/ se desdobram em mais um entre eles..." , o que leva a uma convivência interagente entre vida e linguagem, pois existem "Tantas maneiras de fazer poesia como de amar". Daí a estranheza e a solidão apresentadas pela voz poética estarem embebidas em encantamento e entusiasmo, forma hölderliniana de contatar os deuses da natureza e da mitologia, forma de Pucheu estar em movimento afirmando a existência em trocas e interferências cotidianas e cósmicas: "Mas intimidade só consigo quando me esqueço de mim pela cidade; quando subo ao cume e a visto – paisagem; quando abraço as noites de lençóis e álcool com a mulher amada; quando encontro, ao mijar nas pedras da baía, a concha imensa e ensolarada de um molusco há muito desaparecido".

Suas obsessões são as essencialidades rotativas, em constante reavaliação, "A casa em que moro. A cidade que me habita", que lhe permitem o entrechoque criativo com coisas, seres e frases. Que lhe possibilitam as máscaras borgeanas de Se fosse um romance e No meio do caminho de minha vida, poemas RPG em que propõe o jogo ficcional para se desnudar a si próprio. Que lhe permitem afirmar: "Eu, que já fui bicho, turbina, folha de bananeira, encontro-me em tudo que, da neutralidade formigante, pulula e quer pulular para a metade palpável da cidade". Tudo isso para que o jogo poético inventivo não cesse, para que a origem e o fim se toquem no frescor do tempo renovado e vivido como primeiridade, "o primeiro tempo inundando o último segundo", dentro da cidade das letras, que se mistura na vivência do poema com Sebastianópolis, local de fala regional do poeta carioca.

Outro grande livro que está sendo lançado na mesma coleção é o Gerifalto, de Celso Luiz Paulini. Trata-se, na verdade, das poesias completas do poeta e dramaturgo paulista, parceiro de Antônio Bivar em várias peças, que morreu em 1992. Sérgio Cohn achou em 1994, num sebo em São Paulo, a Antologia dos Novíssimos da Massao Ohno, de princípio dos anos 60, e comprou interessado nas primeiras poesias de Roberto Piva, anteriores ao livro Paranóia. Lá teve a surpresa de encontrar o trabalho de Paulini, o que o levou a organizar esta edição póstuma com toda a sua obra, de fato, três livros: O Gerifalto (primus) de 1963, O Gerifalto (secundus) de 1979 e Vênus no Telhado de 1989.

Sempre lançado em edições marginais, com pouquíssima visibilidade, sem qualquer marketing pessoal, pois se achava mais dramaturgo do que poeta, mas com um séqüito de admiradores fiéis como Rubens Rodrigues Torres Filho, Jorge Mautner, Dora Ferreira da Silva e o próprio Piva, Paulini foi uma espécie de poeta de poetas, principalmente em São Paulo. Diferentemente de Pucheu, sua poesia não possui a verve entusiástica, nem o compromisso com o fluxo vital, típicos do poeta do Rio. Sua dicção é mais serena, embora voe, quando em vez, tanto aos céus (glorificando, no geral, o amor em múltiplas encarnações) quanto aos infernos (aqui surgem a morte, "a poesia mais alta" e o silêncio, "mais o nada do que a vida", a angústia e a dor, "é preciso agonizar tão lentamente...", Babilônia, "fruto amadurecido pelo tédio" e o Apocalipse).

Formado em Letras Clássicas, sua voz poética possui a elegância e o equilíbrio grego-latino diante dos abismos do ser. E os seres que visitam seu mundo transitam livremente pelas esferas do real e do imaginário: gatos, cães, o cavalo morto, o anti-cão, virgens loucas, o homem, o Gerifalto, meninas mortas, Vênus, o viúvo, anjos renascidos, Narciso, garças, gigolôs, Centauro. Se anuncia, assim, antecipadamente, a miscelânia multitemporal de informações estéticas que caracteriza certa tendência da poesia pós-moderna, muito embora seus versos se apresentem quase sempre em linguagem enxuta, esmerada e direta (ainda que carregada de simbologia). Exemplos claros destas misturas desierarquizadas surgem nos poemas de fôlego, poucos em suas obras, mas fortes e significativos. No poema Carta de renúncia, por exemplo, o poeta se dirige em dicção solene inicialmente aos "Setentriões/ Súditos deste Império", para na metade falar, mudando abruptamente de tom, em "Impressões digitais corroídas pelo constante manusear do/ Aurélio", fechando o poema se referindo a um possível "...apagado exílio/ Não sabemos ainda se em Copacabana ou Cochabamba/ Talvez Ipanema/ Quem sabe Balbec?".

Dois seres que passeiam por seus versos merecem especial atenção: o Gerifalto, segundo Dora Ferreira, "vocábulo não dicionarizado, pela estranheza semântica parente do unicórnio, quimeras e grifos" e o Anti-cão, o outro lado da moeda, niilista, do "cão sem plumas"cabralino. Símbolo imagético-escritural da voz poética de Paulini, o Gerifalto define-se magicamente na abertura tanto da versão Primus quanto Secundus. No primeiro morre de amor, "No azul desta avenida verde-cana/ Entre mulher e cão, um lobo e asfalto", entremostrando vertentes dialógicas românticas de sua poesia, um romantismo de "aspirações metafísico-religiosas, misticismo e uma atração pelo esoterismo", ressaltando o "pessimismo gnóstico" de sua filosofia poética. No segundo, temos um quase manifesto da poesia sutilíssima que elabora, sem psicologias, mas de facas silentes cortando a alma: "Sutis demais/ Não eram vistas as patas coruscantes/ Embora nos desertos interiores/ Suas marcas fervilhassem". Poesia clean, atravessada pela idéia de morte e pelo desconforto no mundo: "Nenhuma jóia, adorno algum,/ Apenas o silêncio o envolvia/ Como um leve lenço de cambraia".

Já o Anti-cão, poema resposta infratextual a O Cão, num procedimento recorrente do autor de conceber variações sobre o mesmo tema (vide os poemas O gato e Gato II; O que diz a tarde, A tarde e O desenvolvimento da tarde, por exemplo), é o retrato do artista em suas diretrizes conformativas básicas, apontadas brilhantemente por Rubens Rodrigues Torres Filho no outro posfácio do livro: "despojamento" e "niilismo". É um cão "Feroz apenas nas suas incertezas", em que "Sobram-lhe cãs/ E fria mágoa/ E essas lhe dão -ou são miragens-/ Um quê de cão com seu alvor de vida fustigada". Essas pequenas mostras da poesia de Celso Luiz Paulini surpreendem pela concisão e genialidade, levando-nos à pergunta óbvia, estarrecida, de como um poeta desse porte esteve praticamente esquecido esses anos todos. O que nos obriga a confirmar dois absurdos cíclicos em nossas letras poéticas: a tendência da crítica e do público em geral em mitificar e só dar valor aos poetas entronizados como oficiais, ou do momento, da moda; e a eterna ausência de espaço para publicação de poesias num país tão exuberante de poetas como o nosso.

Ser infinitas palavras, do mineiro Afonso Henriques Neto, neto do poeta simbolista Alphonsus de Guimaraens, é uma edição de obras (quase) completas, com poemas escolhidos e versos inéditos. São nove livros que, em sua maioria, se encontravam esgotados, e que nos permitem localizar as principais linhas de força desse bom poeta, terceiro representante de uma família de poetas (Alphonsus de Guimaraens Filho, seu pai, também foi poeta).

Dono de uma voz personalíssima, mas que se espraia de modo irregular por seus versos, possui, no mínimo, quatro máscaras poéticas que se alternam dos primeiros aos últimos livros: o uivo do bardo delirante, dominado por forças sagradas cósmicas, de tonalidade culta, transbordando imagens abstratas em escrita automática, numa verborragia surrealista caudalosa e libertária; a fala "marginal", com toques coloquiais e artifícios como o poema-piada e a livre negociação com a cultura pop (seu primeiro livro, O misterioso ladrão de Tenerife, de 1972, escrito em parceria com Eudoro Augusto, foi um marco da poesia marginal, tendo participado ainda da antologia de Heloísa Buarque de Hollanda, 26 poetas hoje, de 1976); o contracanto experimental, trabalhando a espacialidade da folha, o metapoema, a prosa poética e as hibridações com outras linguagens como o cinema; e a dicção que distende uma poesia em linguagem mais direta e ritmada, mais depurada e clara, apesar de manter a densidade metafórica, inerente à sua concepção poética última.

No final do livro , uma grata surpresa aparece na secção intitulada Alguns fragmentos sobre Afonso Henriques Neto . Entramos em contato com uns versos de circunstância de Bandeira , feitos em homenagem ao nascimento do poeta : "De Alphonsus Pai a Alphonsus Filho / Grandes poetas do meu afeto ,/ Herde, com a mesma força e brilho ,/ O místico dom Alphonsus Neto ."; com um bilhete de Mário de Andrade no mesmo sentido : "...é uma maravilha o que o simples nome desse menino desperta em mim de ambiente grave de recordação e contatos só bons de sentir ."; com umas notas críticas de Drummond, " Sua personalidade poética é indiscutível – tanto mais quanto , chegando após duas gerações de poetas de alta qualidade , ela se afirma independente da influência dos grandes próximos que o rodeiam."; com alguns comentários absolutamente pertinentes de Cacaso sobre sua obra : "A alegoria de Afonso Henriques Neto é fortemente evocativa , uma espécie de inventário de ruínas – familiares , ideológicas, pessoais .(...) O mundo está degradado, mas ainda vale a pena : o poeta retira da visão desencantada o móvel para repropor o sonho ."; e com as generosas palavras de Ana Cristina César: "...o derramamento sem pudor de um Afonso Henriques Neto ( autor do belíssimo livro Restos & estrelas & fraturas )".

O último livro lançado na coleção Flor Azul da Azougue Editoral é A sombra do Leopardo , o terceiro de Cláudio Daniel, poeta e jornalista de São Paulo, vencedor do concurso de poesia da revista Cult, recebendo, com isso , o prêmio "Redescoberta da Poesia Brasileira ". Poderíamos esboçar um tripé paradoxal para definir a estilística de seus versos : neo-expressionistas, pós-concretos e multiculturalistas. Uma multidão de imagens , figurativas e/ ou abstratas, como nos quadros expressionistas , desvelam-se ante nossos olhos na leitura do livro . Contudo , são imagens precisas, subjugadas mais pela rítmica de cada poema do que pela semântica , rigorosamente enquadradas, próximas do Cabral de Pedra do Sono , mais contidas ainda . Os motivos que suscitam tais imagens são , no dizer de Eduardo Milan no prefácio , Uma saudação a Cláudio Daniel, " Biografias de culturas , biografias de certos personagens culturais (Dante, Nagarjuna etc.), são recortes, impressões de leituras , intuições líricas : a cultura como documento interior ", fazendo do autor " um lírico cultural".

E é justamente de Dante a epígrafe que abre o livro ( autores como Joan Brossa, Paul Celan e Robert Creeley completam o "paideuma" de Daniel), o terceto de número 31 do primeiro Canto do Inferno da Divina Comédia . O leopardo que aparece na " selva selvagem " ao poeta toscano é comumente associado pela crítica tradicional à luxúria . Mas além de pânico a fera marchetada inspira em Dante, por sua " vivaz coloração" o desejo de rever "...as tantas coisas belas" que "...o poder infindo / tirou do nada ...". A sombra do leopardo é precisamente isso : a visão poética sombreada, interior , demiúrgica do mundo da cultura , em metáforas violentas, as manchas vibrantes do leopardo , porém contidas e estruturadas no todo de uma pele verbal sobriamente ferina .